segunda-feira, 1 de junho de 2015

Kurimi Guaré no coração da Amazônia


Pare um minuto e pense sobre como seria sua vida se não existisse internet, televisão ou videogame. O que você estaria fazendo agora? Pode parecer difícil imaginar, mas muitas crianças têm uma infância feliz longe de tudo isso. A diversão está mais próxima da natureza do que da tomada.

Esse é o tema principal desse livro, escrito por um índio que viveu até os onze anos distante da cidade grande, no Amazonas, aproveitando tudo quanto um indiozinho tem direito. As brincadeiras favoritas aconteciam dentro da água, mas também havia expedições na mata, lutinhas de mentirinha entre “bravos guerreiros” e flechadas em animais ferozes e imaginários. Nada de escola do jeito como conhecemos, embora eles tivessem suas obrigações com os adultos, como recolher água do rio, e sua própria maneira de transmitir conhecimento. O aprendizado é ensinado pelo contato com a natureza e, também, oralmente, ou seja, pela fala, contado dos mais velhos para os mais novos, em respeitosas rodas que reúnem diferentes gerações.

O autor mostra como é a cultura de seu povo, Maraguá, ao contar histórias reais sobre a infância dele. Além de ser diferente, é muito misterioso! As lendas do boto, dos espíritos protetores da floresta e dos que botam medo, das aventuras com animais perigosos e várias outras histórias que ele diz não terem explicação, de tão surpreendentes, embora seja tudo verdade.

Para você entender como as culturas são diferentes, basta saber que o ritual de passagem para a maioridade dos Maraguá acontece bem cedo, por volta dos 10 anos (na nossa, é aos 18). E não basta fazer aniversário e alcançar uma certa idade, é preciso coragem! Yaguaré conta sobre o teste da dança da tukãdera: o indiozinho tem que dançar usando luvas cheias de formigas gigantes e venenosas da Amazônia cuja picada dói dez vezes mais do que a de uma vespa. Segundo a tradição, é uma maneira de demonstrar bravura, se curar de doenças e, principalmente, do medo.

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