Pare um minuto e pense sobre como
seria sua vida se não existisse internet, televisão ou videogame. O que você
estaria fazendo agora? Pode parecer difícil imaginar, mas muitas crianças têm
uma infância feliz longe de tudo isso. A diversão está mais próxima da natureza
do que da tomada.
Esse é o tema principal desse
livro, escrito por um índio que viveu até os onze anos distante da cidade
grande, no Amazonas, aproveitando tudo quanto um indiozinho tem direito. As
brincadeiras favoritas aconteciam dentro da água, mas também havia expedições
na mata, lutinhas de mentirinha entre “bravos guerreiros” e flechadas em
animais ferozes e imaginários. Nada de escola do jeito como conhecemos, embora
eles tivessem suas obrigações com os adultos, como recolher água do rio, e sua
própria maneira de transmitir conhecimento. O aprendizado é ensinado pelo
contato com a natureza e, também, oralmente, ou seja, pela fala, contado dos
mais velhos para os mais novos, em respeitosas rodas que reúnem diferentes
gerações.
O autor mostra como é a cultura
de seu povo, Maraguá, ao contar histórias reais sobre a infância dele. Além de
ser diferente, é muito misterioso! As lendas do boto, dos espíritos protetores
da floresta e dos que botam medo, das aventuras com animais perigosos e várias
outras histórias que ele diz não terem explicação, de tão surpreendentes,
embora seja tudo verdade.
Para você entender como as
culturas são diferentes, basta saber que o ritual de passagem para a maioridade
dos Maraguá acontece bem cedo, por volta dos 10 anos (na nossa, é aos 18). E
não basta fazer aniversário e alcançar uma certa idade, é preciso coragem!
Yaguaré conta sobre o teste da dança da tukãdera: o indiozinho tem que dançar
usando luvas cheias de formigas gigantes e venenosas da Amazônia cuja picada
dói dez vezes mais do que a de uma vespa. Segundo a tradição, é uma maneira de
demonstrar bravura, se curar de doenças e, principalmente, do medo.
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