quarta-feira, 10 de junho de 2015

As diretrizes da lei 11.645 de 10 de março de 2008

Nos dias atuais os povos indígenas estão em evidência, principalmente em termos culturais e históricos. Esse protagonismo indígena é causado pela lei 11.645 de 10 de março de 2008, com esta lei vamos ter pela primeira vez na história do Brasil, a obrigatoriedade do ensino de história e cultura indígena nas nossas instituições de ensino. A lei 11.645/08 reforça ainda que se deva ensinar a história e a cultura africana e afro-brasileira, preceitos antes estabelecidos com a lei 10.639/03.

Art. 1º
O art. 26-A da Lei no 9.394, da LEI Nº 11.645, DE 10/03/2008 e 20/12/1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 26-A
Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira.

As leis acima mencionadas foram elaboradas para tentar amenizar no ensino os preconceitos e ideias estereotipadas, para com os indígenas e afrodescendentes. No caso da história isso está relacionado ao ensino eurocêntrico que não, privilegia outras sociedades humanas. Com a lei 11.645/08 as escolas terão de introduzir em seus currículos, os conhecimentos, saberes, modos de vida e organização social dos povos indígenas. Para observamos a importância da lei, vamos ver como os indígenas eram representados (e de certa forma ainda são), nas escolas, na literatura, na história e na sociedade.


Projeto pedagógico indígena

1. TÍTULO DO PROJETO
"Nossos Índios".

2. ESCOLAS DE APLICAÇÃO DO PROJETO
·         Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cleiton Costa.
·         Escola Municipal de Ensino Fundamental Osvaldo Aranha.

3. ÁREAS DO CONHECIMENTO ENVOLVIDAS
·         Língua Portuguesa.
·         Matemática.
·         Mundo Físico e Natural.
·         História e Geografia.
·         Ensino Religioso.
·         Arte.
·         Educação Física.
·         Música.
·         Dança.
·         Informática.
·         Língua Inglesa.
·         Língua Kaingang.

4. OBJETIVOS
·         Conhecer e refletir sobre a história dos índios Kaingang;
·         Conhecer, analisar e debater os hábitos e costumes dos indígenas;
·         Conhecer e valorizar a cultura indígena – hábitos, costumes e artes; 
·         Reconhecer a cultura indígena como parte integrante de nossa cultura; 
·         Valorizar a diversidade racial do povo brasileiro e propiciar o respeito à diferença racial e cultural; 
·         Conhecer e valorizar o contato e a relação de respeito à Natureza, próprios da cultura indígena, estimulando preservação do meio ambiente; 
·         Valorizar a sabedoria dos mais velhos na transmissão de conhecimento através da oralidade; 
·         Tornar prazeroso o processo de aprendizagem no ambiente escolar.

5. JUSTIFICATIVA

Segundo o PCN, é preciso que o aluno conheça e valorize a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais.
Este projeto tem como proposta despertar as crianças para a importância da valorização da cultura indígena. É importante que as crianças descubram que, afinal não existe uma única forma de viver, sentir, comer e falar e que grande parte dos nossos hábitos de hoje são herança da cultura indígena a qual é parte integrante de nossas raízes. Em contato com o universo indígena daremos também um importante passo para nos afastarmos de preconceitos em relação àqueles que nos parecem diferentes além de proporcionar  aos pequenos a oportunidade de enxergar melhor as características da nossa própria cultura.
Quando o aluno entra em contato com os conteúdos de forma prazerosa, pode desenvolver-se melhor no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, deixa de ser um aluno passivo para se tornar um aluno participativo, crítico-reflexivo levantando hipóteses em relação ao objeto de estudo.
Sedo assim a escola tem um papel fundamental de levar o educando ao conhecimento das principais manifestações culturais existentes em seu meio, relacionado-se de forma respeitosa com as mesmas. Desta forma,cabe a instituição escolar abordar a referida temática, fornecendo informações relevantes a seus educandos de forma que os mesmos possam ampliarem seus conhecimentos.

6. METODOLOGIA

- Levantamento do conhecimento da criança sobre o tema, propondo aos alunos um diálogo sobre os descendentes indígenas que residem em nosso município: que etnia representam, de onde vieram. Procurando incentivar para que todos dêem sua opinião. Em um segundo momento listar em um cartaz os conhecimentos que os alunos já tem sobre o assunto (Conhecimentos Prévios). 
- Provocar os alunos a se expressarem, fazer indagações e ir registrando em um cartaz. Logo em seguida, em um outro cartaz, listar as dúvidas provisórias dos alunos, ou seja, perguntar o que desejam saber sobre o tema e ainda não sabem, novamente provocar os alunos a fim de lançarem suas dúvidas. 
-Propor que os alunos ilustrem os cartazes com fotos e desenhos. 

7. POPULAÇÃO ALVO
Alunos da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cleiton Costa e Escola Municipal de Ensino Fundamental Osvaldo Aranha.

8. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO (3 SEMANAS - 01/04 a 19/04)

Sugestões de atividades:

GEOGRAFIA:
-Localizar em Mapa do território nacional onde ainda vivem tribos indígenas;
-Comparar o modo de vida dos índios da floresta amazônica com o modo de vida dos índios que residem no município;
HISTÓRIA:
-Reconhecer os modos de vida dos índios, sua cultura, sua alimentação, formas de trabalho e sobrevivência, metades tribais kaingang;
-Refletir e opinar sobre o papel do índio na formação da nação brasileira e influência na cultura gaúcha;

LÍNGUA PORTUGUESA:
-Levantar o vocabulário usado pelos indígenas e descobrir seus significados;
-Produzir, utilizando diferentes formas de expressão, textos individuais e coletivos sobre os debates e as reflexões do assunto ou descobertas realizadas;
-Ler histórias originalmente indígenas ou que tratem do indígena e seus valores;
-Organizar um dicionário ilustrado com as palavras indígenas.

ARTES:
-Observar manifestações de arte da cestaria, da cerâmica, da plumaria e de outros objetos de cerdas vegetais e cordas, realizados pelos índios de hoje e de antigamente;
-Observar ilustrações de artistas do tempo do Brasil – Colônia que retrataram o indígena e suas manifestações culturais;
-Vivenciar através de músicas sobre o tema um pouco da cultura indígena – cantando e dramatizando;
-Vivenciar através de atividades artísticas manuais e plásticas um pouco da cultura indígena, criando objetos e instrumentos musicais.

Formulação de Problemas:
-Questionar em classe:
-Ainda existe preconceito com os índios?
-O que as crianças sabem, pensam e acham sobre isso?
-O que podem e o querem fazer para ajudar a mudar o quadro dos preconceitos e discriminação?
-A culinária indígena é usada na cozinha brasileira? Como?
-Ainda são encontrados locais de agrupamentos e reservas indígenas?
-Quais são essas tribos? Como vivem? Como se mantêm? Quais os seus atuais costumes?
-Quais são as palavras e costumes de origem indígena?
-Há influência dos índios na Língua Brasileira?
-Há influência dos índios no artesanato?
-Há influência dos índios na medicina caseira? E nos adornos pessoais?

SUGESTÃO:
-Levar alguém para a escola para palestrar sobre:
·         as metades tribais,
·         casamento indígena,
·         sistema de organização dos indígenas (cacique, liderança, policiais, etc.),
·         medicina indígena,
·         cultura indígena em geral.

-Alguém para ensinar a confeccionar algum artesanato ou comida indígena com as crianças.
-Organizar uma dança ou apresentação indígena como por exemplo, representar uma história ou música indígena.
-Organizar um passeio até o Alto Recreio no Museu do Índio.

9. RECURSOS NECESSÁRIOS

Material escolar de uso diário, mídia impressa, recursos tecnológicos, transporte escolar, etc.

10. AVALIAÇÃO

A avaliação será feita através de registros dos alunos por parte da professora, frente às atividades tanto individual quanto coletiva no decorrer do desenvolvimento do projeto.
Será observado por parte da professora a criatividade e o conhecimento alcançado, o senso crítico e a organização dos materiais pelos alunos durante as atividades propostas em sala de aula.


11. ATIVIDADES AUXILIARES

Propostas de Atividades:

"A conquista do colar" 

A turma dividida em 4 equipes deverá responder questões, mediante sorteio, sobre assunto já ensinado em classe. A cada resposta certa, a equipe receberá material para confeccionar o colar (pedaços de barbante ou fio de nylon e contas variadas, que deverão ser da cor de cada equipe - até 8 contas por aluno). 
Perguntas
Quem era os habitantes do Brasil antes da chegada dos brancos? Os índios. 
Como era a organização social desses povos? Viviam em tribos. 
Onde viviam? Viviam na taba, aldeias indígenas. 
Como era a casa do índio? Era a oca ou palhoça. 
Quem os governava? O chefe da tribo era o cacique e o chefe religioso era o pagé. 
Como sobreviviam? Da caça, da pesca e da coleta nas matas. 
Que animais caçavam?Antas, macacos, veados, porcos do mato. 
O que plantavam? Mandioca, milho e feijão. 
Que língua falavam? O tupi-guarani. 
Quais eram suas principais armas? O arco, a flecha, o tacape. 
Como era a religião deles? Adoravam vários deuses. O principal era Tupã (sol) e Jaci (lua). 
Tinham medo de alguma coisa? Dos trovões. Acreditavam que Tupã estava bravo. 
Como é vivem os índios hoje?
O que fazem para sobreviver?



"CAÇADA ESQUISITA" 

Cada equipe, usando seus colares, recebem uma lista constando de vários objetos, que deverão procurar na própria sala, no pátio e onde mais for possível esconder, o que foi feito com antecedência pelo professor. Esses objetos serão, sempre que possível, nas cores de cada equipe, para evitar que uma não pegue os objetos de outra. Todos os objetos da lista serão em quantidades iguais a todas as equipes exceto o amuleto que terá apenas um. Procurar os objetos listados abaixo. Procure sempre pela cor de sua equipe: 10 penas de ave, 5 folhas secas, 1 flor, 3 espigas de milho, 2 pedras redondas, 1 amuleto de biscuit (bichinho de massinha), 1 graveto em forma de y, 3 sementes. Vence a equipe que conseguir reunir todos os objetos pedidos, portanto, a que conseguir encontrar todos os objetos pedidos incluindo o amuleto, que terá só um escondido. 


"O COCAR DO CACIQUE" 

As quatro equipes estarão sentadas no chão em fila indiana, uma ao lado da outra. Mais ou menos 5 metros à frente de cada equipe, haverá uma mesa com várias tiras de tecidos e penas tingidas nas cores das equipes, nas quantidades equivalentes ao número de participantes. As tiras de tecidos e as penas tingidas estão todas misturadas. Dado um sinal, o último de cada fila corre até o local onde estão as tiras de tecidos e as penas e separa 5 penas da sua cor e cola numa tira de tecido, imitando um cocar. Depois de pronto deve colocar o cocar na cabeça e voltar à sua fila, mas no primeiro lugar. Imediatamente, o último deverá sair e fazer a mesma coisa. A equipe que terminar primeiro e todos os componentes estiverem com o cocar, será a vencedora. A equipe vencedora receberá uma pena especial para os devidos cocares. 

"COMIDA DE CURUMIM" 

As crianças nas aldeias indígenas eram chamadas de curumim. Os alimentos melhores eram para elas. Os adultos tentavam agradá-las com as melhores frutas.Todos participantes, por equipe recebem uma banana, canela em pó, um prato refratário ou assadeira. O professor ensinará como preparar as bananas: cortar as pontas, fazer um corte na casca para abri-la sem tirar totalmente, polvilhar um pouco de canela em pó e fechar a casca. Toda a equipe prepara a sua banana, colocam sobre o prato refratário, que é levado por alguns minutos ao forno micro-ondas ou forno comum. Dependendo do local, pode ser feito sobre brasas, numa fogueira, mas as bananas deverão ser embrulhadas em papel alumínio. Enquanto as bananas assam, as equipes participarão de um trabalho manual. 

"A CORRIDA DAS TORAS" 

Algumas tribos indígenas fazem uma corrida carregando toras (pedaços do tronco de árvores) para avaliar que povo tem os guerreiros mais fortes. As equipes também farão essa corrida, mas aos pares. Cada dois participantes terão uma perna amarrada à do outro de modo que fiquem com três pernas apenas.Os pares com as pernas amarradas deverão correr uma distância pré-determinada, mas soprando ma pena de galinha ou pato. Se a pena cair, começam novamente. Ao chegar ao ponto final, nova dupla começa o percurso, soprando outra pena. A pena deverá estar sempre no ar. Todos da equipe devem participar, sempre aos pares e com as pernas amarradas. Vence a equipe que cumprir a tarefa em primeiro lugar. A equipe vencedora ganhará colares extras. Após o jogo todas as equipes deverão se arrumar para participar da festa, para isso receberão maquiagem para decorar o rosto como se fossem índios também. 

"O JOGO DO UIRAÇU (GAVIÃO)" - BRINCADEIRA REALIZADA PELOS DOS ÍNDIOS CANELA - BARRA DO CORDA, MA.

Uma criança representa o gavião e as outras formam uma fila, começando pelos mais altos. Cada criança abraça forte o colega da frente, com os dois braços passando por baixo dos braços do colega. O gavião, solto, grita "Piu" (tenho fome). O primeiro da fila mostra suas pernas "Tu senan síni?" (quer isto?). O gavião diz "É pelá" a todas elas, menos para a última a quem diz "Iná!" (sim); e sai correndo atrás dela. O grupo, sempre abraçado, tenta cercar a ave. Se o gavião agarrar a criança, leva-a para o seu ninho. O jogo continua até que o animal agarre todas as outras crianças maiores de acordo com a ordem. 


OFICINA DE CRIAÇÃO 

Propor aos alunos que pintem macarrões furadinhos e façam colares, pulseiras, cintos e tornozeleiras imitando arte indígena. Para fazer um cocar é só colar penas coloridas entre os macarrões. Proponha uma pesquisa referente às contribuições indígenas: nomes, culinária, artes, etc.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Revista Nordeste VinteUm


(22 de nov. de 2012) A revista Nordeste VinteUm, periódico jornalístico mensal, sediado em Fortaleza/CE, chega à sua 39ª edição, trazendo uma reportagem especial sobre os “Índios no século XXI”. A jornalista Thatiany Nascimento, responsável pela matéria de capa, realizou entrevistas com lideranças indígenas, pesquisadores e especialistas no assunto, abordando temas relacionados à questões demográficas, fundiárias, históricas e socioculturais dos povos indígenas.
O resultado é um texto diversificado e bem interessante, já que não se trata de uma publicação especializada neste tipo de conteúdo. A Editora Assaré e toda a equipe da revista estão de parabéns pela abertura de pauta e pelo direcionamento da reportagem. Que essa forma de pensamento e discussão se ramifique por outros meios de comunicação.

LEI Nº 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973.


 Art. 1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional.

        Parágrafo único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei.
        Art. 2° Cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgãos das respectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, para a proteção das comunidades indígenas e a preservação dos seus direitos:
        I - estender aos índios os benefícios da legislação comum, sempre que possível a sua aplicação;
        II - prestar assistência aos índios e às comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional;
        III - respeitar, ao proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento, as peculiaridades inerentes à sua condição;
        IV - assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e subsistência;
        V - garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat , proporcionando-lhes ali recursos para seu desenvolvimento e progresso;
        VI - respeitar, no processo de integração do índio à comunhão nacional, a coesão das comunidades indígenas, os seus valores culturais, tradições, usos e costumes;
        VII - executar, sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas e projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas;
        VIII - utilizar a cooperação, o espírito de iniciativa e as qualidades pessoais do índio, tendo em vista a melhoria de suas condições de vida e a sua integração no processo de desenvolvimento;
        IX - garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos da Constituição, a posse permanente das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes;
        X - garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em face da legislação lhes couberem.
        Parágrafo único. (Vetado).
        Art. 3º Para os efeitos de lei, ficam estabelecidas as definições a seguir discriminadas:
        I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional;
        II - Comunidade Indígena ou Grupo Tribal - É um conjunto de famílias ou comunidades índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem contudo estarem neles integrados.
        Art 4º Os índios são considerados:
        I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional;
        II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento;
        III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.

Filmes

Tainá - Uma aventura na Amazônia

A floresta amazônica é invadida por piratas da biodiversidade e a jovem índia Maya (Mayara Bentes) acaba tornando-se vitima dos bandidos, deixando órfã a bebê Tainá. A criança é abrigada entre as raízes de uma Grande Árvore e salva pelo velho e solitário pajé Tigê (Gracindo Jr), que passa a cuidar dela e só a devolve para seu povo cinco anos depois, quando será escolhido o novo líder defensor da natureza. Por ser menina, Tainá  (Wiranú Tembé) é impedida de se apresentar, mas pela herança da mãe, a última das guerreiras, e com o apoio da esperta menina da cidade Laurinha (Beatriz Noskoski) e do índio nerd Gobi (Igor Ozzy), a indiazinha resolve encarar os malfeitores, desvendando o mistério de sua própria origem.








Caramuru - A invenção do Brasil

Em 1º de janeiro de 1500 um novo mundo é descoberto pelos europeus, graças aos grandes avanços técnicos na arte náutica e na elaboração de mapas. É neste contexto que vive em Portugual o jovem Diogo (Selton Mello), pintor que é contratado para ilustrar um mapa e, enganado pela sedutora Isabelle (Débora Bloch), acaba sendo punido com a deportação na caravela comandada por Vasco de Athayde (Luís Mello). A caravela acaba naufragando, mas ele, por milagre, consegue chegar ao litoral brasileiro. Lá conhece a bela índia Paraguaçu (Camila Pitanga) com quem logo inicia um romance temperado posteriormente pela inclusão de outra índia: Moema (Deborah Secco), irmã de Paraguaçu.








Xingu


Os irmãos Orlando (Felipe Camargo), Cláudio (João Miguel) e Leonardo Villas Bôas (Caio Blat) resolvem trocar o conforto da vida na cidade grande pela aventura de viver nas matas. Para isso, resolvem se alistar no programa de expansão na região do Brasil central, incentivado pelo governo. Com enorme poder de persuação e afinidade com os habitantes da floresta, os três se tornam referência nas relações com os povos indígenas, vivenciando incríveis experiências, entre elas a eterna conquista do Parque Nacional do Xingu.













Entrevista: cacique Aritana Yawalapiti

O cacique Aritana, 51 anos, é hoje a mais respeitada liderança do Alto Xingu. Desde quando assumiu a chefia dos Yawalapiti, há cerca de 20 anos, ele luta pela preservação da cultura e dos hábitos dos índios xinguanos. “É muito difícil mostrar aos jovens a importância de manter nossos costumes, mas com conversa eles estão vendo que é melhor sermos o que a gente é: índio”, explica o cacique.
Preparado desde cedo para ser cacique, Aritana conheceu os irmãos Orlando e Cláudio Villas Bôas ainda criança, no final da década de 1950. “Aprendi muito com eles sobre a importância de se preservar os hábitos antigos”, conta o chefe. Sob estas influências, ele se tornou um grande líder da causa indígena dentro e fora do Xingu.
Grupo – A educação indígena, desde a época que os Villas Bôas estavam no parque, era uma questão polêmica. Eles defendiam que o índio deveria ter o mínimo possível de contato com a cultura do branco. Como está isso hoje?
Aritana – É triste, mas eu acho que alguns projetos de educação estão acabando com a cultura do Alto Xingu. Já vejo que os jovens não gostam mais tanto de falar sua língua, preferem usar roupa e estão mais interessados nas coisas do branco. O problema é que os professores ensinam os valores dos brancos e os jovens param de respeitar as tradições. O Kuarup, por exemplo, é uma festa muito séria e importante pra gente. É a festa dos mortos. E no último Kuarup eu percebi que alguns jovens achavam que isso é brincadeira.
Na época do Orlando (Villas Bôas), por exemplo, havia preocupação em manter a cultura e a educação do jeito do índio. Eu era pequeno e ficava chateado, perguntando porque o Orlando não dava chinelo e bicicleta. Depois é que eu fui entender que era pra gente manter a força na perna. Se a criança anda de chinelo o dia todo ela não consegue mais subir em árvore.
"É o índio que tem que falar seu direito, que tem que preparar documento. A saúde, é o branco que está mandando, a mesma coisa a educação. Mas eu quero é que o índio contrate o médico, o professor, e manda pra cá". Foto: Fernando Zarur
Grupo – Existem propostas de geração de renda para as aldeias, principalmente por meio do turismo. Como você vê essa situação?
Aritana – Estão sempre procurando a gente para fazer projetos. Nossa aldeia aqui é o primeiro lugar em que eles passam, mas eu sempre digo que não. A primeira proposta que recebi era pra colocar lanchas de luxo e um avião trazendo gente de uma fazenda perto do parque para a aldeia. Recebemos propostas quase todo dia. Recusamos porque não queremos nem precisamos do dinheiro de branco para viver bem aqui.
Outras tribos já aceitaram porque querem dinheiro. O problema aqui é que as tribos que aceitam visitas de turistas deviam reunir as lideranças do Xingu para conversar sobre a questão, mas isso não acontece. Tivemos uma reunião em Brasília para discutir o problema, e foi uma discussão brava, mas nós não abrimos mão da nossa posição contra turismo aqui. Tem que ser firme. No final, todo mundo que aceita turista se arrepende.
Grupo – E você acha que o índio está bem representado politicamente pela Funai e pelas ONGs que trabalham por aqui?
Aritana – Não queremos mais o branco mandando e defendendo a gente. A gente quer que os próprios índios se relacionem direto com o governo e mandem documentos falando dos problemas. A saúde é o branco que está mandando. A mesma coisa com a educação. Mas eu quero que o índio contrate o médico, o professor e mande pra cá. É só assim que a gente vai poder cuidar bem de verdade dos nossos interesses.
Grupo – E no futuro, quando os novos estiverem no comando das aldeias, como vai ser?
Aritana – Nós ensinamos aos jovens que é bom aprender a língua do branco para não ser enganado. O que tem que acontecer é aprender o que o branco tem de bom, mas não perder nossa cultura. Hoje a gente já usa barco a motor para as viagens longas e tem televisão na aldeia pra saber das notícias, mas eu não deixo as crianças verem televisão muito tempo.
Os índios aqui do Alto (Xingu) são mais preservados, mas os do Baixo tiveram mais contato com os brancos, então eles ficaram dependentes das coisas de branco. Os Caiabis, por exemplo, vieram da região de Rio Peixoto, que foi estragada por seringueiros e garimpeiros. Eles gostam muito daqui do Xingu, mas ainda precisam muito das coisas do branco, como roupa, sabonete e sal. Aqui a gente tem tudo que precisa.

Chegança - Antonio Nóbrega

Sou Pataxó
Sou Xavante e Cariri
Ianonami, sou Tupi
Guarani, sou Carajá
Sou Pancaruru
Carijó, Tupinajé
Potiguar, sou Caeté
Ful-ni-o, Tupinambá
Depois que os mares dividiram os continentes
quis ver terras diferentes
Eu pensei: "vou procurar
um mundo novo
lá depois do horizonte
levo a rede balançante
pra no sol me espreguiçar"
Eu atraquei
Num porto muito seguro
Céu azul, paz e ar puro
Botei as pernas pro ar
Logo sonhei
Que estava no paraíso
Onde nem era preciso
Dormir para se sonhar
Mas de repente
Me acordei com a surpresa:
Uma esquadra portuguesa
Veio na praia atracar
De grande-nau
Um branco de barba escura
Vestindo uma armadura
Me apontou pra me pegar
E assustado
Dei um pulo da rede
Pressenti a fome, a sede
Eu pensei: "vão me acabar"
Me levantei de borduna já na mão
Ai, senti no coração
O Brasil vai começar

Jogo - Aldeia Virtual


Kurimi Guaré no coração da Amazônia


Pare um minuto e pense sobre como seria sua vida se não existisse internet, televisão ou videogame. O que você estaria fazendo agora? Pode parecer difícil imaginar, mas muitas crianças têm uma infância feliz longe de tudo isso. A diversão está mais próxima da natureza do que da tomada.

Esse é o tema principal desse livro, escrito por um índio que viveu até os onze anos distante da cidade grande, no Amazonas, aproveitando tudo quanto um indiozinho tem direito. As brincadeiras favoritas aconteciam dentro da água, mas também havia expedições na mata, lutinhas de mentirinha entre “bravos guerreiros” e flechadas em animais ferozes e imaginários. Nada de escola do jeito como conhecemos, embora eles tivessem suas obrigações com os adultos, como recolher água do rio, e sua própria maneira de transmitir conhecimento. O aprendizado é ensinado pelo contato com a natureza e, também, oralmente, ou seja, pela fala, contado dos mais velhos para os mais novos, em respeitosas rodas que reúnem diferentes gerações.

O autor mostra como é a cultura de seu povo, Maraguá, ao contar histórias reais sobre a infância dele. Além de ser diferente, é muito misterioso! As lendas do boto, dos espíritos protetores da floresta e dos que botam medo, das aventuras com animais perigosos e várias outras histórias que ele diz não terem explicação, de tão surpreendentes, embora seja tudo verdade.

Para você entender como as culturas são diferentes, basta saber que o ritual de passagem para a maioridade dos Maraguá acontece bem cedo, por volta dos 10 anos (na nossa, é aos 18). E não basta fazer aniversário e alcançar uma certa idade, é preciso coragem! Yaguaré conta sobre o teste da dança da tukãdera: o indiozinho tem que dançar usando luvas cheias de formigas gigantes e venenosas da Amazônia cuja picada dói dez vezes mais do que a de uma vespa. Segundo a tradição, é uma maneira de demonstrar bravura, se curar de doenças e, principalmente, do medo.

Os índios do Brasil na atualidade



- Atualmente somente cerca de 400 mil índios vivem no Brasil.

- Muitas tribos, influenciadas pela cultura dos brancos, perderam muitos traços culturais. É muito comum encontrar em tribos indígenas atuais, índios falando em português, vestindo roupas e até usando equipamentos eletrônicos.

- Ao entrarem em contato com os brancos, muitos índios, além de perderem aspectos culturais, contraem doenças e morrem. A contaminação de rios, principalmente por mercúrio vindo dos garimpos, também leva doenças para os índios através de seu principal alimento: o peixe.

- Algumas tribos isoladas conseguiram ficar longe da influência branca e conseguiram manter  totalmente intacta sua cultura. Infelizmente, são poucas tribos nesta situação. A maior parte destas tribos está localizada na região da Amazônia.

- Muitos povos indígenas tem se mantido graças à criação, nos últimos anos, de reservas indígenas. Nestas áreas, ficam longe da presença de pessoas que pretendem explorar riquezas da natureza.